terça-feira, 18 de abril de 2017

Aleluia - Jesus Ressuscitou!


O que a morte extinguiu, o amor reassumiu. O que nela se perdeu, por ele foi reencontrado. O que nela anoiteceu, nele ganhou luz. O itinerário pascal transfigura o “imaginário” da fé, do ser humano e do próprio rosto de Deus. «Ser criado» e «ser ressuscitado» exprimem uma dinâmica comum: o que somos, somo-lo pelo amor. É por ele que o mundo ganha tecido, a vida pulsação, as relações ânimo.
A Noite Maior da fé evoca todo esse alvoroço de recriação através dos quatro momentos da liturgia da vigília. Assim, começamos na noite para sermos introduzidos na luz (liturgia da luz); estávamos envoltos em silêncio, até que a Palavra irrompeu (liturgia da palavra); mergulhados num útero de morte, fomos fecundados pela vida nova (liturgia baptismal); famintos de felicidade, recebemos Deus como festim de eternidade (liturgia eucarística).
A evocação implícita dos clássicos elementos constitutivos da natureza (fogo, ar, água, terra), a inclusão dos aspectos a um tempo cénicos e sedutores latentes nos jogos de sensações (o cheiro do lume e do incenso, os matizes de luz, o aumento do número de protagonistas – desde o escopo mínimo do círio, à invocação da «inumerável multidão dos santos») transporta-nos para uma paisagem inédita de intimidade com Deus. Estamos, pois, nas grandes núpcias de Deus com a humanidade e com toda a criação. Porque o amor transborda pela eternidade afora.

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